Pigeiros

Grupos da paróquia:

Impulso Jovem - Grupo de Jovens de Pigeiros


Catequese

Grupo Coral de Pigeiros

Grupo de Leitores

Acólitos





Apontamentos históricos:

A Fundação da Freguesia

Documentos do século XI fazem referência a Pigeiros de diferentes modos: Pelagiarios, Pegiarios, Peiarios em 1085, Pigeiros em 1090, Pegeirios em 1099, mas situando-a sempre perto de Gaiate, nas Terras da Feira, onde corre o Rio Uima, o que evidencia sempre tratar-se de Stª Maria de Pigeiros.

Pigeiros era uma pequena povoação, perdida entre montes, quase sem ligação com o mundo exterior até 1928, data em que foi aberta a primeira estrada que a aproximou das freguesias vizinhas. Pigeiros tem também uma história pacata e sossegada até meados do século XVI, altura em que adquiriu acção, movimento e dinamismo, segundo nos descrevem alguns documentos da época.

Segundo a monografia “Santa Maria de Pigeiros da Terra da Feira” de 1968 do Padre Domingos A. Moreira, a mais antiga referência a Pigeiros, é a de um documento do ano de 1083, de venda de uma herdade, a Gonzaluo e sua mulher Geoluira por Sagado e mulher Sontrilde de uma “hereditate nostra propria que auemus … inter Gagiat e Peiarius” isto é, entre Gaiate (Milheirós de Poiares) e Pigeiros.

Aparece ainda referenciada como povoação em documentos do ano 1085. É descrita como freguesia pela primeira vez em 1251 nas inquirições de D. Afonso III. Antes fora vila com um senhor particular e vila honrada com a sua Quintã, desde os primórdios da monarquia. Em 1288, as inquirições de D. Dinis confirmam: «Freguesia de Santa Maria de Pigeiros. A Quintã de Pedro Affonso Ribeyro com toda a villa tragea Pedro Affonso por Honra que nom entra hy Mordomo mas entra hy Porteiro e Peitam ende Vos e coyna e omegio … dam a El Rey outo moyos de pam … Estee como estaa.».

Na era de César (1286), D.Sancho II deixa em testamento as rendas da Quintã de Pigeiros a Rodrigo filho de Afonso Pires Ribeiro. Esta Quintã, o paço, o senhorio de Pigeiros e o padroado da sua igreja passará, em 1383, para o primeiro conde de Barcelos, D. João Afonso Telo, e em 1385 para o Conde da Feira, ainda com parentesco ao Condestável D. Nuno Alves Pereira.

Em 1576 tornou-se propriedade de Tomé da Rocha, cavaleiro de Cristo, fidalgo da Casa Real, residente no Porto, por compra que fez a Isabel de Andrade viúva de António Pereira pela quantia de 280$000 reis. A última morgada foi D. Antónia da Rocha Colmeeiro Corte Real. Sobre a portada do paço fora então colocado o brasão de armas dos Rochas que ali se manteve até que o morgado Salvador da Rocha Tavares o retirou para outra propriedade em Ovar. Em 1758 ainda existiam na Quintã, restos desse solar sempre conhecido pelo nome de paço, e diz a tradição que no seu pátio havia chumbada uma argola, com o privilégio de asilo para qualquer criminoso que a ela se agarrasse. Afinal, o que são as coisas deste mundo …os padroados foram extintos, a Quintã foi vendida e do paço não resta mais que o sítio.

No ano de 1527, Pigeiros contava apenas com catorze casas, e seriam menos de cem os habitantes, que em 1545 construíram a igreja paroquial, em substituição da anterior que estaria situada num local ainda hoje chamado Sagrado, mas do qual se desconhece o seu local exacto. Finda a sua construção, o padroeiro António Pereira apresentou Pascoal Coelho como pároco privativo de Pigeiros, a 6 de Junho de 1547. Em 22 de Fevereiro de 1697 obtém licença de sacrário e a 25 de Maio de 1781 são superiormente aprovados os estatutos da Irmandade de S. Sebastião. Imperava então a paz nesta pequena e sossegada freguesia das Terras da Feira.

Pigeiros no Século XIX

Com a chegada do Liberalismo, as paixões exacerbaram-se e explodiram com grande intensidade. O Padre José de Almeida Barbas, de Lisboa, fizera promessa de fidelidade a D. Miguel e concorreu à paroquialidade de Pigeiros. O Rei apresentou-o nestes termos: «Pertencendo-me a nomeação e apresentação por se haverem sequestrado os bens de Manuel Maria da Rocha Colmeeiro, padroeiro dessa igreja, o qual se acha ausente destes reinos, compreendido no nefasto e horroroso crime de rebelião que teve princípio nessa cidade do Porto no dia 16 de Maio de 1828, apresento para a dita igreja, José de Almeida Barbas pelo merecer… e recomendo o confirmeis e coleis…».

Consta-se que a 7 de Agosto de 1832, por ocasião do combate de Souto Redondo, as milícias da Feira acamparam em Pigeiros, refugiando-se o povo para nos montes em seu redor. Com a chegada dos liberais ao poder, D. Miguel saiu derrotado. José Almeida Barbas previne-se e abandona a freguesia. Dom Pedro, como recompensa a um obstinado liberal de Avintes, o Padre António Caetano Osório Gondim, entrega-lhe a paróquia de Pigeiros a 18 de Dezembro de 1833. No ano seguinte já Pigeiros era habitada por trezentas e nove pessoas, das quais apenas quatro sabiam ler. O Colmeeiro com o fundamento de ser descendente dos antigos padroeiros desta igreja, apoderou-se então de algumas das suas propriedades, mas logo depois toma posse, o Padre Osório, instruído e bem relacionado, que se opõe e planeia contra o Colmeeiro uma trabalhosa e dispendiosa contestação, que se prolongou por treze longos anos, mas que por fim restituiu os passais à freguesia. O morgado ia ficar sem os passais, e o padroado já o havia perdido, pois o governo liberal chamava a si a apresentação de todos os párocos. Em desalento jurou vingar-se.

A 9 de Julho de 1841 o administrador do concelho propôs a supressão da freguesia de Pigeiros e a sua repartição pelas freguesias vizinhas: Para Milheirós de Poiares os lugares de Tresuma, Barreiro e Vínhó, para Guisande, Aldeia e Cavadas e para S. Jorge, Várzea e Quintã, o que não se veio a concretizar por oposição da população.

Na madrugada de 24 para 25 de Setembro de 1843 a igreja ardeu totalmente e amanheceu reduzida a um monte de cinzas. À paróquia restavam apenas os passais. O serviço religioso passou então a fazer-se na igreja de Duas Igrejas. Assim o abade e o povo lançaram-se com frenesim na reconstrução da sua igreja. Em 1847 Saldanha, vindo de Oliveira de Azeméis, atravessou a freguesia com as suas tropas em formatura, aterrorizando assim toda a população que suspirou de alívio após a sua passagem.

A nova igreja ficou pronta em Janeiro de 1849 e foi inaugurada a 11 de Fevereiro do mesmo ano, recebendo de novo no sacrário o Santíssimo, vindo de Duas Igrejas em procissão. Mas não estava terminado o calvário desta igreja, pois apesar de lhe ter sido já em 1839 roubado o único sino de que dispunha, venderam-lhe também grande parte dos passais em 1855, e dois anos mais tarde voltou a ser roubada, espoliando-a de tudo que lá havia com valor, chegando mesmo a violar o sacrário. Em 1890 foi de novo assaltada por arrombamento.

Em 1882 decorria uma acesa contestação entre o povo de Pigeiros e o proprietário da Quinta da Lage. O Abade Marcelino Henriques defensor dos interesses de Pigeiros e dos seus paroquianos, quando a 20 de Dezembro, regressava da Vila da Feira, foi esperado pelo procurador da Quinta, que deu ordens a um criado para o abater. A justiça demorou, e só sete anos depois se fez justiça com a prisão do procurador assassino. Ainda nesse ano acontece a primeira distribuição de correio.

Em Abril de 1887 a Junta pede que seja criada uma escola oficial, o que só se veio a concretizar pela boa vontade do Sr. Rufino José Henriques Coutinho, que a pedido da Junta de Freguesia, cedeu uma casa sua para instalar a “Escola da Nogueira”, até disporem da uma nova, o que se concretizou apenas vinte e seis anos depois, em 1913. Em Maio desse ano, foi então doado ao Estado, pelo benemérito José Henriques de Bastos, um edifício que viria a receber o nome de sua mãe “Maria Rosa de Jesus”, e que se tornaria a escola oficial da freguesia até 1965.

Pigeiros no Século XX

Surgiu na freguesia a primeira bicicleta por volta de 1915 e apenas três anos depois começaram a surgir os primeiros autocarros de passageiros, que acabariam por fundar a Auto Viação Feirense. Em 1924 a Igreja recebeu uma reforma geral e um relógio de torre que ainda hoje nos anuncia as horas certas pelo toque do sino e onde se pode observar a data da sua implantação. A construção em 1928 da primeira estrada, tornou-a mais próxima das freguesias vizinhas, Milheirós de Poiares e Azevedo, e em 1930 a Duas Igrejas. Recebe em 1952 o primeiro telefone e só em Maio de 1956 foi inaugurada a rede de energia eléctrica. Em 1965 surge então a iluminação da via pública, e coloca-se a primeira pedra da actual Escola Primária do Bairro do Sol. No ano seguinte passa a dispor de transportes públicos regulares, os autocarros da Auto Viação Feirense. As aulas na nova Escola do Bairro do Sol tiveram início em 1970 surgindo nessa altura também a quinta classe ou Ciclo Complementar, tendo como professora Maria Antónia da Costa Milheiro. Com a passagem para a nova escola, a Junta de Freguesia passou a sediar-se nas instalações da antiga, agora desocupada. Decorria o ano de 1971 quando finalmente se tornou oficial o alcatroamento do caminho que ligava o lugar da Quintã a Nadais, e que à muito era reclamado. Só nos anos 90 se concluiu a ligação de Pigeiros com Romariz, concluindo assim o acesso a todas as freguesias limítrofes. Em Agosto de 1999 é inaugurado o “Calvário”, lugar de devoção, outrora também habitado conforme descrito na “Monografia Santa Maria de Pigeiros” do Padre Domingos A. Moreira.

Na noite de 21 de Março de 2001, assolada por um enorme temporal, perde a ponte que a ligava à Estrada Nacional nº1, iniciando-se assim a construção da actual no mesmo local, junto ao Parque de Lazer do Rio Uíma.

Constituída por 16 lugares; Cavadas, Igreja, Várzea, Lage, Quintã, Vinho, Barreiro, Pé d’arca, Aldeia, Gândara, Trezuma, Bajouca, Portela, Sobreiro, Presa e Cimo de Aldeia, ligados por séculos de história, esculpida nas memórias de gerações passadas, mas que todos pretendemos manter viva e fonte de inspiração, para os que hoje, (assim como no passado) lutam para conseguir conquistar com mérito o seu lugar no futuro … da nossa história

[fonte: https://www.jf-caldaspigeiros.pt/]


A igreja matriz

Igreja de Nossa Senhora da Assunção

Igreja paroquial de fundação medieva, reconstruída na primeira metade do séc. 18 e reconstruída em meados do séc. 19, devido à anterior ter sido vítima de um incêndio que a destruiu. É de planta poligonal composta por nave, capela-mor, anexos e torre sineira esta adossada ao lado direito, com coberturas interiores diferenciadas em falsas abóbadas de berço de caixotões, os da capela-mor com decoração em estuque, e iluminada uniformemente por janelões rasgados nas fachadas laterais. A fachada principal remata em frontão, com os vãos rasgados em eixo, composto por portal de verga reta e por janelão do coro. 

A torre sineira tem cobertura em coruchéu bolboso e três registos, o superior com quatro ventanas, tendo acesso pela face posterior, que também acede ao coro-alto. As fachadas rematam em cornijas, as laterais são rasgadas por portas travessas. Interior com coro-alto em betão, de feitura mais e púlpito com acesso pelo anexo. Possui retábulos oitocentistas, o colateral do Evangelho com linhas de inspiração neoclássica, sendo os demais barroquizantes.

[fonte: monumentos.gov]