terça-feira, 24 de setembro de 2024

Encontro interparoquial de leitores


Ontem, Segunda-Feira, 23 de Setembro, pelas 21:00 horas no Centro Cívico Feliciano Pereira, em Pigeiros, teve lugar um encontro interparoquial com leitores. Foi orientado pelo Sr. Diácono António Avelino e centrou-se na abordagem aos ministérios laicais, mas com enfoque no ministério do leitor.

O que é, quem institui, quais os requisitos, qual a formação, quais as funções inerentes a esse serviço a esse ministério, foram questões esclarecidas.

Um ministério é, em suma, serviço, estar ao serviço, e decorre de um chamamento, de uma vocação, de um discernimento pessoal e comunitário e como tal carece desses fundamentos para que se inicie o processo formativo que depois conduzirá à sua instituição pelo Bispo. 

O Papa Francisco na sua programática Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, acentua a raiz batismal da condição discipular e missionária de todos os fiéis, independentemente do seu grau de instrução e reclama um novo protagonismo dos batizados (cf. EG 120), chamados a evangelizar os múltiplos ambientes da vida.

Quanto à função do leitor instituído (fonte Eclesia): "...para além dessa sua função própria, os leitores podem ser chamados a desempenhar durante as celebrações litúrgicas, a título de suplência, funções de outros ministérios: na falta de Salmista, recitará os Salmos interleccionais; na falta de diácono ou cantor, poderá ser ele a apresentar as intenções da Oração universal; na falta de diretor do canto e de comentador, poderá ser ele a dirigir o canto e a orientar a participação dos fiéis nas celebrações. Por fim, o Diretório para a celebração do Domingo na ausência de Presbítero coloca-os, a par dos acólitos, entre os leigos a dar precedência para a condução desse tipo de assembleias litúrgicas.

"Mas seria minorar a missão do Leitor instituído confiná-lo a um desempenho ritual. De facto, a Liturgia é «cume e fonte» (SC 10). Coerentemente, a epifania litúrgica do ministério confiado aos Leitores obriga a alargar os horizontes do serviço eclesial que lhes é confiado para além do momento da celebração. Assim, o Motu Proprio Ministeria Quaedam propõe-lhes tarefas de mais lato alcance pastoral, como preparar os fiéis para a receção frutuosa dos sacramentos (catequese…), ajudar na organização da liturgia da Palavra, e assegurar a formação do grupo dos leitores aos quais, por encargo temporário, se pode confiar o exercício de facto deste ministério."

"Em suma, o leitorado é um ministério a conferir não apenas a quem leia bem nas celebrações litúrgicas, mas sobretudo a quem se disponibiliza para colaborar na organização das atividades de evangelização e catequese, dando coerência e consistência ao seu serviço litúrgico."

Não é fácil ser leitor, nem se improvisa e, acima de tudo, tendo em conta o amplo leque das funções que lhe são atribuídas. Com efeito, os leitores devem ser aptos e diligentemente preparados. Em primeiro lugar eles devem deixar-se imbuir, impregnar inteiramente pela Palavra de Deus que hão de amar, de que farão o seu tesouro mais precioso e o seu alimento quotidiano. Hão de aprofundar o seu conhecimento da Sagrada Escritura mediante uma leitura assídua, um estudo diligente, uma oração fervorosa e um testemunho credível. Sintetizando, diremos que a sua preparação há de ser geral e particular; remota, prévia, permanente e concomitante ao exercício da função. Quanto à preparação específica, ela deve abarcar, pelo menos, as seguintes alíneas:

Formação:

"Formação bíblica que capacite para a compreensão dos textos nos respetivos contextos e géneros literários, e na perspetiva unitária e englobante da história da salvação;

Formação litúrgica que lhes dê um conhecimento efetivo do sentido e estruturas da Liturgia da Palavra e da sua conexão com a Liturgia Eucarística e com os outros Sacramentos e Sacramentais. Em particular, deve conhecer por dentro a estrutura e organização dos lecionários, dominando os critérios que presidiram à seleção, ordenamento e harmonização das leituras;

Formação catequética, nomeadamente na área da pedagogia da fé e do acompanhamento da iniciação cristã nas várias faixas etárias;

Formação técnica e prática no capítulo da dicção e da leitura proclamada em voz alta, bem como das artes e técnicas da comunicação oral, designadamente da leitura proclamada em público, com ou sem amplificação artificial. Ler bem em forma de proclamação em público não é fácil, mesmo para quem já se habituou a dominar o nervosismo e a emoção de falar perante uma assembleia. Não basta uma boa alfabetização. A arte de proclamar bem em público assenta certamente em dotes naturais, mas estes devem ser sublimados pelo estudo e pela técnica, e partir de uma experiência pessoal de encontro com o texto a proclamar."

Em conclusão do encontro, foi expressa a vontade e desejo do nosso Bispo em que cada paróquia possa vir a ter um(a) leitor(a), ou acólito, instituídos pelo que o repto foi lançado aos presentes no sentido de fazerem essa introspecção, essa descoberta e de corresponder ao chamamento caso ele se manifeste como um carisma, uma vocação. O caminho e o processo não sendo transcendentes, não são fáceis porque exigentes a nível pessoal. Todavia, a semente, foi, lançada. Germinará e dará fruto? O tempo o dirá.

Sobre os ministérios laicais: Eclesia